domingo, 29 de novembro de 2009

Arte ou não?

Como dizer o que é arte e o que não é arte? Esse questionamento é travado em diversas discussões acerca do assunto, principalmente quando estamos em frente a uma obra qualquer. O juízo de valor (gosto/não gosto) é suficiente para dizer que algum trabalho tenha caráter artístico ou não? Essas perguntas são complexas de responder mas vou apresentar aqui algumas opiniões de alguém que entende mais disso do que eu.

Essa discussão existe desde que as reproduções técnicas (fotografias) passaram a tomar o lugar de obras de arte originais. Se olharmos para a Escola de Frankfurt, com seus pensadores e aqueles que virão na sequência, temos três opiniões:

a) a obra de arte original é única e é a responsável por garantir a experiência estética, simplesmente ao vê-la (Adorno, Horkheimer)

b) a obra de arte original, quando familiarizada pelo observante e interpretada, pode levar ao Belo e com isso, gerar algum tipo de experiência estética (Nietsch, Kant)

c) a arte pode ser arte se alguém, com aquela obra, sentir algo (uma pequena e frágil experiência estética, um sorriso, uma vontade de chorar). Mesmo não sendo a obra original, se ela conseguir arrancar estes "pequenos nirvanas" do observador, então pode ser arte, por mais que se utilize de uma "Iluminação Profana". (Walter Benjamin)

Vendo as três vertentes, tendo a concordar com Benjamin, uma vez que ele compreende que, a arte é algo que deve ter uma função não apenas estética para a sociedade. A arte pode provir de dentro de si mesma e não deve servir como segmentadora social. Independente se é fotografia, televisão, cinema ou uma escultura - para Benjamin - deve haver uma democratização do conhecimento e por isso tudo que gerar reações a alguém deve ser considerado algum tipo de arte - não uma arte técnica, reconhecida e estudada - mas uma arte que sirva para gerar algum sentimento naquele indivíduo em busca por pequenos sentimentos, frágeis e volúveis.

Porém, existem questões muito mais complicadas do que esta simplicação, que não cabem ser explicadas aqui. O que quis deixar é que, se alguém um dia do seu lado achar que algo não seja arte, discorde: "Para alguém ela pode ter sido" (Discurso Integrado), ou ainda concorde "realmente, alguém já inventou isso um dia, isso não é original." (Discurso Apocalíptico).

2 comentários:

  1. Simplificando muito, acho que tudo que desperta nossa sensibilidade e nos toca é arte.

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  2. Se a arte pode despertar inúmeras reações, aí fica outra dúvida, designers fazem arte também? Ou trabalham já com o objetivo estabelecido presumindo a reação do público dentro de um planejamento? Se você souber a resposta me avise, hehe.

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