quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um tal de Tumblr

Desculpem a todos pela gigantesca distância entre este e o outro post. A falta de Internet em casa, o aumento das responsabilidades e as constantes viagens pelo Paraná foram as responsáveis pela minha falta de dedicação ao Epopeia Criativa.

Porém, confesso que o Blog perdeu lugar ao Tumblr. Sem mais textos por hoje, deixo a continuidade deste blog para o Tumblr, que é muito mais interativo, convergente e linkado às redes sociais.

http://gehsch.tumblr.com/

domingo, 29 de novembro de 2009

Arte ou não?

Como dizer o que é arte e o que não é arte? Esse questionamento é travado em diversas discussões acerca do assunto, principalmente quando estamos em frente a uma obra qualquer. O juízo de valor (gosto/não gosto) é suficiente para dizer que algum trabalho tenha caráter artístico ou não? Essas perguntas são complexas de responder mas vou apresentar aqui algumas opiniões de alguém que entende mais disso do que eu.

Essa discussão existe desde que as reproduções técnicas (fotografias) passaram a tomar o lugar de obras de arte originais. Se olharmos para a Escola de Frankfurt, com seus pensadores e aqueles que virão na sequência, temos três opiniões:

a) a obra de arte original é única e é a responsável por garantir a experiência estética, simplesmente ao vê-la (Adorno, Horkheimer)

b) a obra de arte original, quando familiarizada pelo observante e interpretada, pode levar ao Belo e com isso, gerar algum tipo de experiência estética (Nietsch, Kant)

c) a arte pode ser arte se alguém, com aquela obra, sentir algo (uma pequena e frágil experiência estética, um sorriso, uma vontade de chorar). Mesmo não sendo a obra original, se ela conseguir arrancar estes "pequenos nirvanas" do observador, então pode ser arte, por mais que se utilize de uma "Iluminação Profana". (Walter Benjamin)

Vendo as três vertentes, tendo a concordar com Benjamin, uma vez que ele compreende que, a arte é algo que deve ter uma função não apenas estética para a sociedade. A arte pode provir de dentro de si mesma e não deve servir como segmentadora social. Independente se é fotografia, televisão, cinema ou uma escultura - para Benjamin - deve haver uma democratização do conhecimento e por isso tudo que gerar reações a alguém deve ser considerado algum tipo de arte - não uma arte técnica, reconhecida e estudada - mas uma arte que sirva para gerar algum sentimento naquele indivíduo em busca por pequenos sentimentos, frágeis e volúveis.

Porém, existem questões muito mais complicadas do que esta simplicação, que não cabem ser explicadas aqui. O que quis deixar é que, se alguém um dia do seu lado achar que algo não seja arte, discorde: "Para alguém ela pode ter sido" (Discurso Integrado), ou ainda concorde "realmente, alguém já inventou isso um dia, isso não é original." (Discurso Apocalíptico).

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Blogs sobre propaganda são livros sobre tendência.

Com o desenvolvimento da expertise dos blogueiros em adequar seu conteúdo ao público que acessa seus blogues, o número de estudantes e profissionais que os usam como referência aumentou consideravelmente nos últimos meses - passando a lê-los mais do que livros técnicos.

O twitter também ajudou muito. Através dele, os usuários têm acesso ao conteúdo de forma muito rápida, semelhante ao RSS. Blogs como o Brainstorm9 e o CHMKT são muito procurados pela dedicação que eles oferecem ao mercado publicitário. São verdadeiros produtores de conteúdo interessante para estudantes e profissionais da área de marketing e propaganda.

Sejam louvados os blogueiros, porque pelo menos fazem esses alunos e profissionais lerem algo mais que os scraps de seus orkuts ou as twittadas sobre como foi o seu dia. Acredito que a existência deles dão graça ao fato de ser planejador. Como conhecer tudo que acontece ao redor do mundo na propaganda? Graças a eles - o que Lévy chamaria de "concentradores do ciberespaço".

www.chmkt.com.br
www.brainstorm9.com.br

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Os Mestres Falam - Balizando a Criatividade.

"O criativo deve ser capaz
de dominar a sua imaginação."
William Bernbach

Um grande nome da propaganda mundial é certamente Bill Bernbach (o "B" da DDB - Doyle Dane Bernbach). Bernbach, em um período em que as coisas andavam em um rumo comum, resolveu quebrar os paradigmas da propaganda norte-americana. Exemplo disso é a famosa campanha do lançamento do Fusca.

Não vou entrar no histórico de Bernbach (Sérgio Menezes me mataria por não colocá-lo como top da lista), uma vez que quero me ater à sua citação.

Bernbach, ao falar sobre o processo criativo e o momento da sua concepção - o que é um mistério para a maioria daqueles que querem trabalhar com propaganda - deixa claro que a criatividade depende da capacidade de filtrar informações. saber definir o que é importante e o que é desnecessário àquela peça.

Ser criativo, é uma coisa. Trabalhar com criatividade, outra. Na propaganda, o diretor de arte ou o redator não possuem liberdade para irem além do que pede o brief que lhes é entregue pelo profissional de atendimento. Criar uma campanha fantástica não é difícil. O complicado é adequar à necessidade do cliente que a está solicitando. Mesmo para Bernbach, a criatividade precisa ser limitada e focada naquilo que se espera.

Outra citação importante para mostrar que Bernbach não era louco - e nem eu - vem de Washigton Olivetto, um pouco mais próximo e atual à nossa realidade:

"Não trabalho com a inspiração. Eu sempre faço. Há dias que faço melhor;outros em que faço pior. Parto sempre do princípio de que esse é o meu trabalho. Não me dou o direito de estar ou não inspirado."
Washington Olivetto

Por isso, sempre que bater aquela falta de inspiração, lembre-se de Olivetto e acredite que você não é o único criativo do mundo que está passando por isso. E o melhor, não é uma coisa ruim. O criativo não pode se dar o direito de estar inspirado ou não - ele precisa criar, precisa resolver aquele job. Trabalhei com criação durante três anos e ter que criar uma campanha para um cliente que não seja fenomenal causa uma pequena decepção, principalmente quando você percebe que não deu o melhor de si e a peça não ficou digna de um prêmio.

Criatividade é o principal serviço das agências de propaganda. A propaganda vende idéias que geram resultados. Por isso, quando criar uma peça lembre-se que ele não serve para ficar apenas na parede da sala da criação, mas precisa motivar milhares de pessoas a executarem uma ação esperada. O criativo não pode se desligar do planejamento - ele precisa compreender todo o processo que o anúncio passa e fazer o máximo para garantir eficiência. Se não ficou digna de Cannes, pelo menos o sorriso do cliente você terá no seu portifólio.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O Empreendedorismo na Propaganda.

Se você perguntar em uma sala de aula em algum curso de Publicidade e Propaganda se aqueles alunos gostariam de trabalhar em agência, a resposta seria "não". Claro que estou generalizando, porém é algo que vejo com certa frequência. Os alunos de propaganda não são os únicos que não pensam em trabalhar no local mais óbvio para seguir sua carreira.

O tempo da fama e do luxo de se trabalhar em agência de propaganda ficou um pouco de lado com a perda do foco das agências em criação publicitária - era isso que atraía os jovens. Hoje os cursos de propaganda formam mais profissionais de marketing e atendimento do que criativos e planejadores.

Será que a demanda do mercado é para esses profissionais? Ou para ser criativo e planejador você precisa ter um talento que independe da sua formação? Marcos Freire era historiador e um belo dia resolveu trabalhar com propaganda e parabéns, Leões de Cannes na sua mesa.

O que quero dizer é que para empreender em propaganda é necessário boa vontade e talento suficiente para driblar as quantidades de agências que existem por aí e de destacar no mercado. Agora, se você é tão criativo que criou um novo veículo de comunicação, vá em frente. O mercado adora novos lugares para inserir as marcas dos anunciantes e lotar os planos de mídia com "coisas alternativas".

A Enox deu certo assim. Quem havia pensando em colocar mídia em banheiro? Hoje, os rapazes que estudaram na sala ao lado da minha estão atendendo todo o Brasil e melhor, aprimoraram de mídia de banheiro para indoor experience. Se você quer uma ação indoor, ligue para a Enox.

Empreender é acreditar que você é capaz de gerenciar uma empresa e levar um negócio no qual você acredita. O sucesso vai depender, principalmente, do seu esforço e dedicação. As grandes empresas começaram de algum lugar, algumas, sem um "tostão" de investimento.

O caso é que existem inúmeras oportunidades que o mercado publicitário abre para novos empreendedores. Aqueles alunos que não querem trabalhar em agência de propaganda podem se dar bem empreendendo. Exije bem mais de você do que receber ordens do seu chefe e do que receber um salário certo no final do mês, porém as recompensas do seu suor são mais evidentes.

Essa publicação é uma auto-ajuda para mim mesmo. Que estou prestes a investir em uma nova agência, o que tem me causado tremeliques quando penso no trabalho duro e no esforço que eu terei para fazer as coisas darem certo, como já deram na Scheid/Brasil. Minha dica, se você acha que é líder e tem visão, lute pelo que você acredita.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Criatividade vende?

O tema da criatividade é um dos mais problemáticos quando o assunto é propaganda. De um lado ficam aqueles que acreditam que propaganda criativa não vende, do outro, aqueles que acham-na fundamental para o estímulo de um desejo.

Se me perguntarem se criatividade vende eu respondo "depende". Parece fácil explicar as coisas ficando em cima do muro, porém não deixa de ser uma verdade.

Por volta dos anos 50, as agências de publicidade procuravam nos produtos algo chamado unique selling proposition, que nada mais era do que um diferencial daquele produto/marca frente aos seus concorrentes. Se o seu carro tinha uma manivela hidrolástica de alta pressão, então era isso que deveria ser anunciado.

Quando os Criativos (aqueles que trabalham com criação publicitária) passaram a comandar as agências de publicidade, essa história de encontrar diferencial no produto ficou de lado. Para eles o que importava era estimular desejo através de sensações, daí surge a emotional selling proposition - que é como o seu produto poderia fazer com que o consumidor desejasse tê-lo não pelo que o produto é, mas pelo que ele oferece à sua vida. A partir daí surgem anúncios como "Meu primeiro sutiã" ou ainda, aqueles lindos comerciais com uma moça comendo um chocolate que derrete na boca.

Prestem atenção na mudança com a emotional selling proposition - o que importa não é o que o produto tem em sua forma física, mas qual sensação ele causaria em que o utiliza, que nenhum outro causa.

Mais recentemente, o que comanda o sonho dos Criativos é a terceira evolução : a irracional selling proposition. Essa nova teoria faz com que os anúncios deixem de serem ligados ao produto, ou às suas sensações de uso, para trabalharem com o insconsciente humano, com questões antropológicas, pegando o indivíduo onde ele é mais fraco, nas forças psíquicas que ele não consegue dominar.

Um ótimo anúncio representante dessa teoria é o Axe. O anúncio apresenta um casal em momento romântico escolhendo DVD´s. Ao lado deles existem duas prateleiras, uma com filmes pornôs e outra com filmes românticos. O homem está abraçado a namorada, ambos olhando para os filmes românticos escolhendo qual seria o melhor para aquela noite. Mas, se prestarem atenção, o homem está sem o corpo da cintura para baixo (irracional), o resto do corpo do homem (que representa seus desejos sexuais) está virado para a prateleira pornô. O anúncio anuncia no canto: Axe.

A evolução que ocorreu para se dizer (lá em 1950) que o desodorante tinha o "melhor perfume de todos os tempos porque dura 24 horas" para um anúncio que trabalha com o lado psicológico humano, em que diz assim: os homens que usam axe não são de ferro, eles sabem agradar uma mulher, mas mesmo assim têm um quê de safadinhos dentro de si.

Portanto resta a pergunta, criatividade vende? O depende agora vai ficar mais claro: A criatividade só irá vender o produto de fato se mexer com o lado psicológico do ser humano e deixar claro que aquilo só acontece com aquele determinado produto. A criatividade do anúncio não pode se sobrepor ao produto/serviço que anuncia, senão aquele anúncio apenas ganhará prêmios. Claro que existem anúncios institucionais que não visam vender, mas fortalecer a marca, porém hoje em dia, é bem claro nas maiores agências brasileiras que o cliente quer vender mais e não ganhar prêmios bunitinhos em Cannes.

Criatividade vende para aqueles que sabem usá-la.

terça-feira, 7 de julho de 2009

O amor acaba?

"Amor então, acaba?
Não que eu saiba.
O que eu sei
é que se tranforma
em uma matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva
ou em rima."

Paulo Leminski